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quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

O destino da Venezuela nas mãos de Cuba e Rússia

E Chávez voltou para morrer em casa. É justo e é digno. Curiosamente, conforme me chamou a atenção um amigo, partiram de Havana no mesmo dia, Chávez e a blogueira Yoani Sánchez. Ele chegou de madrugada, secretamente, em um avião previamente preparado para o transporte, tendo como acompanhantes Maduro - é claro! - e a equipe de médicos e enfermeiros que o assistiam no CIMEQ. Ela também chegou de madrugada ao Recife, e depois disso a imprensa do mundo inteiro não fala de outra coisa. Hoje pela manhã recebi um telefonema de uma jornalista de Miami querendo saber se eu tinha ido entrevistá-la, como falar com ela ou com o produtor do filme. Expliquei-lhe que não fui ao aeroporto pelo avançado da hora, que ela havia chegado e partido em seguida para Salvador que distava muito da minha cidade, e que não conhecia o diretor do tal documentário em que ela participou.

Coincidência ou não, dessas duas saídas “ilustres” de Havana, a segunda abafou convenientemente a primeira.  A mídia inteira tem divulgado que Chávez foi levado para o 9º andar do Hospital Militar, mas uma equipe do jornal Últimas Noticias esteve lá tentando colher alguma informação e ninguém soube informar nada. Nem a guarda presidencial, nem faxineiros, tampouco o corpo de enfermagem. Maduro havia pedido à multidão que se aglomerava em frente ao hospital que não fizesse algazarra que no devido tempo eles iriam ter notícias, dispersando assim a militância histérica.

Entretanto, como tudo neste caso - e como ocorre com todo chefão comunista, sobretudo se está sob o controle dos Castro -, o verdadeiro paradeiro de Chávez não é o anunciado. Nelson Bocaranda informa em sua coluna de hoje que Chávez “viajou sob sedação e ao chegar à Venezuela, foi levado em ambulância a uma instalação especialmente preparada no Fuerte Tiuna. Lembremos que já antes de 2011 ele esteve recolhido nessa guarnição militar na residência que antes havia sido do ministro da Defesa e que foi convertida em uma segunda casa presidencial”.

Bem, e por que estou falando disso? Porque enquanto ele esteve em Cuba e o governo do país foi usurpado, com a conivência de todos os países aliados pertencentes ao Foro de São Paulo, Maduro e Cabello começaram a dilapidação do país. Segundo uma denúncia do deputado oposicionista por Carabobo, Carlos Eduardo Berrizbeitia, Secretário Geral Nacional do Projeto Venezuela, o governo tenta conseguir o voto 99 na Assembléia Nacional, necessário para habilitar os irmãos Castro no governo. Segundo o deputado, “quem decide os destinos do país são Fidel e Raúl Castro, através de altos funcionários do governo venezuelano, mas necessitam um marco legal, avalizado pelas instituições que lhes permitirá legislar e governar a Venezuela desde Havana”.

Berrizbeitia afirma ainda que, através da coação os deputados oficialistas estão tentando desesperadamente conseguir o voto 99 para aprovar uma Lei Habilitante dando plenos poderes aos Castro. Essas leis habilitantes correspondem mais ou menos às nossas “medidas provisórias”, só que permanentes, cuja criação se deu após Chávez perder o referendo de 2008 que permitiria sua re-eleição indefinida. E fazendo uso dessa prerrogativa foi que ele passou por cima da vontade popular e se deu esse direito legalmente. Reza o Artigo 203 da Constituição Nacional:

“...São Leis Habilitantes as sancionadas pela Assembléia Nacional pelas três quintas partes de seus integrantes, a fim de estabelecer as diretrizes, propósitos e o marco das matérias que se delegam ao Presidente da República, com grau e valor de lei. As Leis habilitantes devem fixar o prazo de seu exercício”.

No dia 1º de novembro Chávez havia ordenado preparar uma “cobertura” especial para um militar cubano de alto grau, que desempenharia funções de “Assessor Adjunto” no Ministério do Poder Popular para a Defesa (MPPD). Sabe-se que Chávez costumava festejar os aniversários desses amigos cubanos com grande pompa, dentre os quais se incluem 14 deles que realizam tarefas de “assessoramento”, tanto no MPPD, como no Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional, o temível SEBIN, assim como no Gabinete Presidencial.

Esses militares realizam esse tipo de trabalho na Venezuela, Bolívia e Equador. Seus nomes podem ser verificados AQUI, juntamente com o número de seus passaportes. Do mesmo modo, como parte de um projeto para re-estruturar os organismos de inteligência venezuelanos, intitulado “Projeto Escudo Cubano”, encontram-se no MPPD quatro membros do KGB bielorrusso: Mikhail Kostsiurau, Dzmitry Hrytsenia, Ihiar Siamashka e Ivan Rassokau, cujos números de passaporte constam da matéria.

O adido militar venezuelano na Bielorrússia, General de Brigada Luis Eduardo Médori Viamonte, é um assíduo visitante do quartel da inteligência bielorrussa, a cargo do Major-General Vadin Zaitsev, com quem realiza incontáveis escapadas tanto para Teerã como para a Turquia, para retirar e realizar transferências de dinheiro bolivariano, segundo se tomou conhecimento através das seguintes contas: #8400020000177 do Belarusbank, #27-48076967 do Banco Nacional de Dubai e uma no Garantikbank de Ankara. Há na Escola Militar de Cadetes da Bielorrússia militares venezuelanos fazendo curso de aperfeiçoamento em sistema de mísseis, manejo de artilharia anti-aérea e inteligência de sinais. Enquanto isso, os donos desses dinheiros, os cidadãos venezuelanos, afundados na miséria, na violência desmedida e no total desabastecimento, conforme já comentei em outra edição.

O Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) afirmou que está pronto para juramentar Chávez como presidente assim que os médicos dêem seu aval. Soube-se que eles pretendiam ir até o hospital e tomar o juramento a portas fechadas, o que se configura mais um fraude porque, sem testemunhas fora do eixo da Nomenklatura, não se pode afirmar com segurança que foi ele mesmo quem jurou. A esse respeito, o advogado constitucionalista Gerardo Blyde afirmou o seguinte em entrevista à Globovisión:

“A juramentação não pode ser como afirmaram ontem os porta-vozes do PSUV, quando o mandatário esteja ‘bem e saudável’. Ele deve ser juramentado não só ante a presidência do TSJ, senão ao menos ante a metade mais um dos magistrados que devem constituir-se para a sessão de maneira formal”. Ele acrescentou ainda que, se o mandatário pode tomar decisões e expressá-las, está apto para se juramentar porque isto não depende das capacidades motoras mas de poder tomar decisões válidas.

Bem, com isso ele deixou Maduro, Cabello, Villegas, a presidente do TSJ e Cilia Flores em apuros, uma vez que desde o leito de UTI, Chávez enviou mensagem de Natal aos militares, nomeou Elías Jaua como chanceler, enviou extensa mensagem à Cúpula da CELAC, e mais recentemente, no mesmo dia em que regressava de Havana, teve tempo e disposição para enviar uma mensagem de felicitações ao presidente do Equador, Rafael Correa, pela sua vitória na re-re-eleição.

E ao chegar na Venezuela, teria escrito Chávez em sua conta de Twitter: “Chegamos de novo à Pátria venezuelana. Obrigado, meu Deus! Obrigado, Povo amado! Aqui continuaremos o tratamento”. Por mais chocante que pareça, coloquei a foto que recebi hoje de um contato venezuelano e que, embora não haja 100% de confirmação, tudo leva a crer que é mesmo dele, para que se possa analisar se uma pessoa nesse estado é capaz de ter escrito tudo o que escreveu, tomou decisões, fez nomeações e mais que isso: está em condições físicas e mentais de tomar posse e continuar governando.

É um verdadeiro escárnio, um desapego total à verdade e um desrespeito incomensurável ao povo venezuelano que se minta tanto, se roube tanto e se venda o país - que é de TODOS os venezuelanos - a abutres comunistas cuja vida humana não passa de um objeto de uso pessoal que é descartada como um papel higiênico usado. E conforme eu anunciei antes, o retardamento em declarar a impossibilidade de Chávez ser empossado, passando o governo provisório a Cabello e chamando a eleições em trinta dias, era para dar tempo ao usurpador chofer de ônibus de fazer sua campanha, de modo a garantir a vitória nas eleições. Bingo! Numa pesquisa de opinião feita ontem Maduro ganharia com folga, sobretudo porque a oposição está dividida, fragmentada e sem um líder visível, depois da traição descarada de Henrique Capriles. Sinto profunda lástima por tudo isso que estão passando os bons venezuelanos, tantos amigos queridos, do fundo do coração. Fiquem com Deus e até a próxima!

Comentários e traduções: G. Salgueiro - http://notalatina.blogspot.com.br/

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

José Dirceu: “sou um cubano-brasileiro”




Artigo publicado pelo site Mídia sem máscara em 04 Dezembro 2012. Ecsrito por Carlos Azambuja

O Mídia Sem Máscara republica hoje artigo do historiador Carlos Azambuja sobre a trajetória de José Dirceu, um dos delinqüentes maiores da máfia petista, que posa de vítima no caso do Mensalão, do qual foi o grande operador (tendo Lula como chefão) e que agora tem a cara de pau de afirmar que o Caso Rosemary Noronha, no qual seu nome já está envolvido, não é nada mais que uma nova armação de setores conservadores. Enfim, a velha inversão revolucionária de sempre.

Uma análise de “O Último Comboio”, capítulo do livro “A Revolução Impossível”, onde o papel de José Dirceu no terrorismo financiado por Cuba é abordado.

José Dirceu, em setembro de 1988, afirmou: “Nunca fui foquista. Participei da luta armada, apoiei, achava que era necessária, mas na verdade nunca acreditei nela como forma de luta” (página 110 do livro “Abaixo a Ditadura”, escrito por ele e por Vladimir Palmeira).

José Dirceu, em um seminário do Partido dos Trabalhadores, realizado dias 15 e 16 Abr 89, às vésperas da eleição presidencial, já vislumbrando uma provável vitória de LULA, e recordando-se do treinamento militar que recebeu em Cuba, com o nome de “Cmt Daniel”, disse: “Em vez de comandar uma coluna guerrilheira, o grande sonho de minha vida, vou ter que comandar uma coluna de carros oficiais em Brasília”.

No capítulo “O Último Comboio” do livro “A Revolução Impossível”, de autoria de Luis Mir, editado em 1994 pela Editora Best-Seller, 755 páginas, há as seguintes referências a José Dirceu de Oliveira e Silva, o kamarada “Daniel”, que foi militante do PCB, depois da Ala Marighela, depois da Ação Libertadora Nacional, depois do Molipo, e hoje do Partido dos Trabalhadores.

Na página 613: “Se radicara em Cuba depois de sua saída da prisão na lista dos 15 presos libertados em troca do embaixador norte-americano. Amargou um veto logo na chegada quando pediu o ingresso no treinamento militar e na ALN. O responsável pela organização em Havana, Agostinho Fiordelísio, lhe disse que deveria se integrar ao processo com vagar e não de imediato. Havia restrições de parte da ALN à sua figura desde seu tempo como presidente da União Estadual de Estudantes de São Paulo e candidato a presidente da União Nacional de Estudantes: carreirista e pouco confiável politicamente. Era, o que se chamava na época, de um quadro adormecido, ou seja, à espera do que fazer. Quando foi escolhido para a tarefa, estava inscrito no treinamento militar em Pinar Del Río, num grupo de militantes de várias organizações. É isolado para se dedicar exclusivamente a isso. Apresentado por Alfredo Guevara ao ministro da Defesa, Raúl Castro durante uma solenidade, os dois conversaram muito e marcaram um novo encontro. Começou a relação política e militar entre os dois. José Dirceu teve o acesso franqueado por Raúl Castro a documentos importantes sobre estratégia militar, informação e contra-informação, segurança militar. Finalmente, faz um curso e se torna especialista em questões militares. É essa especialização (e mais o treinamento militar) que o torna habilitado, segundo os internacionalistas cubanos, a viabilizar a entrada do contingente guerrilheiro que retomaria a luta. A transformação em quadro político-militar no aparelho internacionalista cubano surpreende a todos. Nos encontros políticos dos brasileiros, na capital cubana, para discutir a realidade brasileira e a caminhada revolucionária, suas opiniões eram vistas com desdém e as propostas que fazia, todas, eram invariavelmente derrotadas”.

Na página 615, um depoimento do também banido, militante da ALN, Agonalto Pacheco:

“O planejador do novo dispositivo político-militar dentro do Brasil foi José Dirceu, que fez tudo sem a menor base na realidade e a partir de Havana. A organização não tinha condições de receber ninguém, não havia a menor segurança. Tentamos discutir isso com Piñero, Valdes, Herrera (obs: respectivamente, chefe e membros da Inteligência cubana). Não pude falar com Dirceu, que vivia isolado. Todos nós que participamos, cubanos e brasileiros, temos que ter uma visão crítica desse processo, humildade revolucionária para assumir nosso papel e nossos erros”.

Na página 617, prossegue Luis Mir:

“O Grupo dos 28” (obs: ou Grupo Primavera ou Molipo-Movimento de Libertação Popular) “como ficou conhecido, eram 32. Destes, morreram 18 (...). Os sobreviventes são Itobi Alves Corrêa, que segundo Agostinho Fiordelísio estava em pânico quando lhe pede para livrá-lo da viagem ao Brasil (vai para o Chile e depois do golpe militar naquele país se radica em Paris); Vinicius Medeiros Caldevilla, que se recusa a embarcar e consegue permanecer em Cuba trabalhando na Rádio Havana; Luiz Araújo, que inicia a viagem de regresso mas deserta em Argel; Ana Corbisier, que entrou no Brasil e com o massacre que se dá, se refugia num convento de Freiras em Salvador, Bahia, trabalhando num revista católica e submergida na mais absoluta clandestinidade por cinco anos; José Dirceu, que retornou para Cuba, onde viveria longos anos trabalhando como quadro internacionalista para o governo cubano; um camponês conhecido como Brechu e Natanael de Moura Giraldi”.

Na página 618:

“Agostinho Fiordelísio confirma que o grupo de estudantes paulistas despertou nos dirigentes cubanos algo próximo da euforia: ‘O contingente militar do PCB era, efetivamente, o melhor que a ALN tinha trazido para Cuba. O esquema foi preparado por José Dirceu em menos de seis meses. O planejamento: o grupo entraria no Brasil e começaria a agir imediatamente. Resgataria os quadros que estavam detidos, se necessário com um grande seqüestro e, com a unidade revolucionária consolidada, se iria para o campo’. O Chile de Allende, o primeiro presidente socialista do continente, eleito em setembro de 70, daria a retaguarda política do novo projeto (...)”.

Prossegue Luis Mir: “José Dirceu desembarca no Rio no final de abril de 1971, no exato momento em que o fuzilamento de Marcio Leite Toledo demole a estrutura da ALN” (obs: Marcio Leite Toledo, um quadro da ALN, cursado em Cuba, foi “justiçado” na rua, em São Paulo, em 23 de março de 1971, por seus companh eiros). Aproveita a crise pessoal e política dos contrários à execução para convencê-los de que uma retomada, com novos dirigentes e práticas, estava em curso. Hiroaki Torigoi e Silvia Peroba Carneiro Pontes engajam-se na nova travessia. A primeira tarefa encomendada por Dirceu: assaltar um cartório para conseguirem certidões de nascimento e casamento para os militantes que estavam voltando. O assalto, num cartório de Santo André, periferia de São Paulo, foi bem sucedido. José Dirceu retorna a Cuba depois de diversas viagens pelo Brasil para verificar o que sobrara depois da morte de Câmara Ferreira” (obs: dirigente da ALN, morto em dezembro de 1970): “algumas poucas pessoas, aterrorizadas, e um pequeno núcleo de dez militantes comandados por Carlos Eugênio”(Carlos Eugênio Sarmento Coelho da Paz, um dos matadores de Marcio Leite Toledo, o último dos comandantes da ALN, que logo depois, em dezembro de 1972, abandonou seus comandados e viajou para Cuba, onde recebeu treinamento armado e, na hora de voltar para o Brasil, desertou, indo viver em Paris até a Anistia), “isolados e sem capacidade militar ou operacional. Apesar disso, seu relatório, feito em Havana, é otimista: a entrada do grupo teria boas condições de segurança. O momento em que os encarregados de reorganizar o movimento revolucionário voltam ao Brasil era o pior possível, segundo Carlos Eugênio: ‘Vivíamos acesos 24 horas por dia. Não tínhamos tempo de pensar em nada mais que não fosse a sobrevivência. Os militantes da ALN descobriram que havia uma nova organização revolucionária durante o assalto à Ericsson. Numa ação conjunta do GTA (Grupo Tático Armado) e do grupo Frente de Massas, dois grupos chegam quase que simultaneamente. Todos velhos conhecidos. Os “outros” eram os recém-chegados do Molipo”.

“Lídia Guerlanda rememora o espanto com os recém-chegados e seus planos: ‘O Molipo chegou como se nada tivesse acontecido. Já tinha acontecido, sim, a tragédia. Estávamos assaltando para comer, para sobreviver’”.

“No Presídio Tiradentes, a criação do Molipo provoca reações desencontradas e uma certeza sinistra: seria um grande massacre em curtíssimo prazo (...) De fevereiro a julho de 1971, forma-se um corredor de entrada dos militantes do Molipo através do Chile (...) Outro objetivo: o recrutamento de novos quadros entre os quatro mil exilados brasileiros no Chile, um grande celeiro de quadros (...) Em julho de 1971 Reinaldo Morano faz um balanço estatístico de tempo de sobrevivência na clandestinidade: seis meses”.

Por tudo isso, pode ser dito que o kamarada “Daniel”, embora tenha recebido treinamento armado em Pinar Del Rio e acesso a documentos importantes sobre estratégia militar, informação e contra-informação e segurança militar – facilitados por Raúl Castro -, o que, teoricamente, - contrariamente ao julgamento de seus próprios companheiros - o transformou em um especialista em questões militares, foi o grande responsável pela morte de todos os seus companheiros do Molipo que, seguindo suas ordens, voltaram clandestinamente ao Brasil.

Finalmente, (página 629) “Em 18 de agosto de 1971, viria à luz, em Milão, redigido por Ricardo Zaratini e Rolando Frati, a segunda parte do documento ‘Por uma Autocrítica Necessária’. Uma análise crítica devastadora sobre a luta armada, guevarismo, debraysmo, guerrilha rural e a derrota. Esse debate duraria cerca de dois anos, a partir de uma premissa básica: retornar ao PCB ou formar um novo partido comunista”.

Muitos retornaram ao PCB e outros tantos, como o kamarada “Daniel”, formaram – ou ajudaram a formar – um novo partido: o Partido dos Trabalhadores.

Recordemos que quando de sua posse como ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu depois de elogiar o ditador de Cuba, Fidel Castro, agradeceu seu apoio nos anos 70, quando o comandante o abrigou. Dirceu dedicou parte de seu pronunciamento para lembrar episódios da sua geração. Em tom nostálgico, disse que suas primeiras palavras seriam para aqueles que lutaram com ele e não puderam ver a posse de Lula.

No início de Abril de 2003, José Dirceu voltaria ao assunto, declarando que a geração que chegou ao poder com o presidente Lula deve muito a Cuba. Lembrou que nos anos do regime militar a esquerda teve a solidariedade de Cuba com “sua mão amiga e seu braço forte”. “A geração que chegou ao poder com Lula é devedora de Cuba. E me considero um brasileiro-cubano e um cubano-brasileiro”.

 
Carlos I. S. Azambuja é historiador.

Ler autores clássicos estimula o cérebro e pode servir como 'autoajuda', diz estudo


William Shakespeare: A leitura de obras clássicas estimula a atividade cerebral e ainda pode ajudar pessoas com problemas emocionais, diz estudo (Georgios Kollidas/Hemera/Getty Images)

 Atividade cerebral parece aumentar com a leitura de textos clássicos, o que não ocorre quando uma pessoa se depara com a mesma história, mas escrita de forma coloquial



Para chegar a esses resultados, a equipe que realizou o trabalho, coordenada por Phillip Davis, professor da Universidade de Liverpool, selecionou 30 voluntários e pediu que eles lessem o primeiro trecho de uma série de obras clássicas da literatura inglesa. Depois, os participantes foram orientados a ler a mesma história, mas reescritas em uma linguagem coloquial. Nesses dois momentos da pesquisa, os autores monitoraram a atividade cerebral dos indivíduos por meio de exames de ressonância magnética.

Alimento para a mente — Os pesquisadores observaram, então, que a atividade cerebral dos participantes "dispara" quando eles se deparam com palavras incomuns ou com uma estrutura semântica complexa. No entanto, a atividade do cérebro continua normal quando o indivíduo faz a leitura do mesmo conteúdo, mas escrito de uma forma coloquial. Segundo o estudo, esses estímulos proporcionados pelas obras clássicas se mantêm durante um tempo, podendo surtir efeitos positivos a longo prazo para a mente de uma pessoa, como a sua capacidade de concentrar-se, por exemplo.

A equipe também descobriu que a leitura de textos clássicos afeta a atividade do lado direito do cérebro, região onde são armazenadas as lembranças autobiográficas. Isso, segundo os pesquisadores, ajuda um indivíduo a refletir e a entender melhor as suas lembranças. Portanto, pode servir como uma atividade de autoajuda mais útil do que os próprios livros com essa finalidade, segundo os autores. “A poesia não é só uma questão de estilo. A descrição profunda de experiências acrescenta elementos emocionais e biográficos ao conhecimento cognitivo que já possuímos de nossas lembranças”, diz Davis.

Fonte: http://veja.abril.com.br

Os demônios na educação

 Por João Malheiro

Terminei recentemente a leitura de uma das obras de maior fôlego de Dostoievski, Os Demônios. Um autêntico tratado sobre o mal com certo tom de denúncia, no qual analisa a implantação subliminar da mentira social na Rússia no fim do século 19. A riqueza da obra consiste em seu caráter profético e totalmente aplicável às gerações futuras. Segundo o autor, o mal pode ser definido como a incapacidade de uma pessoa entrar em contato com a verdade e com a realidade. Uma autêntica privação de um poder, que foi sendo enfraquecido de forma subreptícia, sem, contudo, que a vítima se dê conta.

O personagem de destaque da obra é Piotr Stiepanovitch. Ele é o que os filósofos chamam niilista: desiludido, ressentido, descrente do homem e de Deus, talvez pela experiência de algum grande sofrimento injusto e incompreensível, vive sem ver sentido na vida e sua motivação existencial se apoia unicamente na ciência. É um filho do mal. Paulatinamente, vai se convencendo de que terá mais autonomia se idolatrar a ciência e matar a metafísica. E, aos poucos, vai defender que a racionalidade só é válida quando se pode medir, calcular, provar, sentir, comparar.

O aspecto mais perigoso de um niilista é sua vontade de destruir a relação entre pais e filhos. Ele enxerga nessa estratégia o caminho mais rápido para romper a transmissão da vida. Em paralelo, entende também como necessário fragilizar a relação entre homem e mulher. No início, vai mostrar que a ciência poderá dominar novas formas de reprodução, de família, que tornarão o homem mais emancipado, mais feliz. Vai promover legislações, caminhadas, campanhas que autorizem todo tipo de eugenia, eutanásia, formas de morrer, com argumentos de modernidade, vanguarda etc. Sua maior conquista será fazer que as mulheres acreditem que a maior desgraça que lhes poderá acontecer é ser mães... Mais tarde, como sempre acontece quando se cede à tentação, a própria sociedade perceberá que se tratava de mais um engodo.

O enfraquecimento da educação faz parte deste plano diabólico de destruição da relação entre pais e filhos. Para esta visão, não importa mais que os valores culturais sejam transmitidos. O mais importante é, na verdade, a sua completa destruição. Para que isso não tenha uma aparência despótica e violenta, várias teorias “demoníacas” foram nascendo ao longo dos séculos 19 e 20, de modo a justificar a implosão de todo o processo educativo. Nesse contexto aparece a teoria do bom selvagem (Rousseau), a de Freud (não se pode reprimir a espontaneidade nem os impulsos sensitivos da criança, mas somente estimulá-los, assim como toda a atividade sexual), o pragmatismo autônomo (Dewey), a valorização do método suplantando o conteúdo, o sentimentalismo educativo e tantas outras desvirtuações pedagógicas com auréolas de modernas e avançadas.

Já ficou claro qual é o mecanismo do mal e como ele o utiliza. Por meio de uma aparente verdade, sempre prazerosa e sem sofrimento, vai cegando a inteligência humana com a mentira, com uma promessa de retribuição de um prêmio futuro que nunca chega. Quando o homem consegue desvendar essa tramoia, as “teias de aranha” do engodo não o deixam mais libertar-se, e o sofrimento é sempre maior. Aquele que parecia um “anjo da luz” acaba mostrando, no fim, a sua verdadeira identidade.

João Malheiro é doutor em Educação pela UFRJ.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Números gayzistas

 por Bruno Braga | 14 Janeiro 2013

No dia 10 de janeiro a Folha de São Paulo publicou um levantamento realizado pelo Grupo Gay da Bahia (GGB): 336 gays, lésbicas e travestis foram assassinados em 2012 – dado que significa um homicídio a cada 26 horas [1].

O propósito do movimento gayzista [2] é demonstrar que existe uma matança generalizada de homossexuais no país e, consequentemente, provar que o Brasil é um país “homofóbico”. A exposição dos dados – estabelecendo a relação homicídio/tempo – não é por acaso – é um formato que sensibiliza o público em geral, e também o leitor da reportagem. Mas, será que existe, realmente, este banho de sangue gay?

Seria prudente analisar os números do Grupo Gay da Bahia e os critérios adotados para a pesquisa. Mas, que se dê um crédito à organização: 336 gays, lésbicas e travestis foram assassinados em 2012. Acontece que, de acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública (2012), 45.308 pessoas foram assassinadas em 2011 [3]. Adotando a forma expositiva do GGB, o homicídio no Brasil produz 5 cadáveres por hora. Portanto, estabelecer o comparativo – 336/45.308 – é uma obscena falta do senso das proporções.

Ademais, qual foi a motivação dos assassinatos daqueles homossexuais? Foi uma motivação “homofóbica”, quer dizer, os homossexuais foram assassinados por pessoas perturbadas que têm ódio mortal contra os homossexuais? Quando a questão foi colocada para Dudu Michels, analista responsável pelo material gayzista, ele imediatamente respondeu: “quando o movimento negro, os índios, ou as feministas divulgam suas estatísticas, não se questiona se o motivo foi racismo ou machismo”. Bom, se a questão sobre a motivação dos crimes não é posta para outros movimentos e grupos, é um grave equívoco, porque a motivação é elemento caracterizador do preconceito e da discriminação. Mas, o erro com relação aos outros não desobriga o Sr. (ou Sra.) Michels, que deve sim responder sobre a motivação dos crimes contra homossexuais, para fundamentar o alarde contra a suposta homofobia. Um caso pode esclarecer a necessidade desta obrigação.

Em 2011 um ativista do movimento gay noticiou o seguinte: “O dia de hoje foi atípico. Sentimento de dor, perda, injustiça. Na noite de ontem, mais um jovem gay assassinado no Brasil. Dessa vez, em São João del-Rei/MG. Um jovem de 18 anos perde a vida de forma brutal e injusta. No velório amigos, família e comunidade. Um só discurso: foi injusto, queremos justiça”.

Este homicídio entraria automaticamente nas estatísticas do Grupo Gay da Bahia. Mas, qual foi a motivação do crime? Foi por ódio contra homossexuais? “Homofobia”? O próprio texto esclarece a dúvida:

“Até que a Polícia Civil investigue e conclua o inquérito o que se tem como certo é um jovem gay assassinado pelo próprio companheiro por não aceitar o término do relacionamento conturbado dos últimos meses” (o destaque é meu) [4].

Um homossexual assassinou outro homossexual. Quantos casos semelhantes a este compõem os dados apresentados pela militância gayzista? A julgar pela experiência do delegado Marcelo Falcone – que trabalhou na Delegacia Especializada em Crimes Homofóbicos em João Pessoa – não são poucos. Ele observa que em muitos casos os autores dos homicídios são acompanhantes das vítimas: “Isto acontece muito entre os homossexuais do sexo masculino que contratam garotos de programa. Existe um preconceito muito grande porque esses rapazes não se sentem gays” [5]. Ou seja, são gays matando gays.

A propósito, em 2010, Marcelo Cerqueira – membro do Grupo Gay da Bahia – afirmou que a maioria dos crimes de ódio e assassinatos de homossexuais era promovida por garotos de programa [6].

O artigo da Folha de São Paulo ainda apresenta as considerações de um “especialista”. Luiz Mott - “decano” do movimento gayzista no Brasil [7] – assume a autoridade de um “antropólogo” e afirma: 99% dos homicídios listados pelo GGB – entidade da qual é presidente – é de natureza “homofóbica”. Porém, Luiz Mott acrescenta à “homofobia” uma série de categorias – “individual”, “cultural”, e “institucional” –, ampliando de tal modo o seu significado, que qualquer violência praticada contra o homossexual, e qualquer sofrimento ou dor dele, torna-se “homofobia”. Um caso explícito de manipulação conceitual.

O “antropólogo” e líder gayzista observa que o número de casos deve ser ainda maior, porque muitos não são conhecidos. Mas, se os casos não são conhecidos, como ele pode dizer que existem mais? Ora, Luiz Mott tem o dom de transformar uma hipótese em realidade concreta.

Enfim, a pesquisa do Grupo Gay da Bahia é mais uma peça panfletária produzida pelo movimento gayzista. Instrumento fraudulento de promoção política, mecanismo para reivindicar privilégios e realizar uma obscura engenharia social.  

Notas:

[1]. Cf. Folha de São Paulo, 10 de Janeiro de 2013 [http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/1212866-um-homossexual-e-morto-a-cada-26h-no-brasil-diz-grupo-gay.shtml].

[2]. Observar a diferença entre o homossexual e o movimento gayzista. Este último é a transformação da sexualidade em princípio de organização política e de promoção de engenharia social.

[3]. Cf. Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2012, Tabela 10, p. 28. [http://www2.forumseguranca.org.br/node/32131].

[4]. Cf. [http://carllosbem.blogspot.com.br/2011/07/perdemos-mais-um-jovem-gaye-podemos.html]. E o narrador ainda revela: “Pude ver um adolescente gay de 15 anos chorando copiosamente porque também está sendo ameaçado de morte pelo assassino que continua solto pelas ruas da cidade”.

[5]. Cf. G1, 26 de Agosto de 2011. [http://g1.globo.com/pb/paraiba/noticia/2011/08/paraiba-tem-12-assassinatos-por-homofobia-em-2011-diz-levantamento.html].

[6]. Cf. Mix Brasil, 2005. [http://mixbrasil.uol.com.br/print/NjYzNjA].

[7]. Sobre Luiz Mott, Cf. BRAGA, Bruno. “A vanguarda gayzista” [http://b-braga.blogspot.com.br/2012/05/vanguarda-gayzista-1.html]; “Os herdeiros de Kinsey” [http://b-braga.blogspot.com.br/2013/01/os-herdeiros-de-kinsey.html].

http://www.midiasemmascara.org